A primeira “Carreira de Barcos”,
era assim que se denominava a regata de remo e vela, foi organizada por Abel
Power Dagge, Edward Shirley, Alex Hudson e G. A. Hangcock em1850. Na reunião de
preparação da regata esteve presente o comandante da escuna britânica Vixen onde o júri da prova estaria
instalado. A 19 de Agosto de 1852 realizou-se outra regata em Belém que teve a
honra de ser divulgada no Jornal inglês The
Illustrated London News do dia 11 de Setembro. São célebres, pelo
menos a partir de 1853, as Regatas de Paço de Arcos, em barcos à vela e a
remos, promovidas pelo Conde das Alcáçovas, Abel Power Dagge, Hermann Moser e
por um grupo de aristocratas, por ocasião dos festejos anuais. No programa da Regata do Tejo de 11 de Setembro de 1854
constava a participação de duas guigas de 4 remos, tripuladas por “curiosos”.
Nesta regata a prova de Vela foi ganha por Frederico Burnay vencendo uma Taça
de Prata (O primeiro troféu conhecido de uma regata em Portugal). Na Regata
organizada em 24 de Julho de 1855 havia provas de Remo e Vela. Esta regata veio
dar lugar à Comissão Promotora da Real Associação Naval.
Na sequência destes eventos foi fundada em1855 a Real
Associação Naval (actual Associação Naval de Lisboa), a mais antiga agremiação
desportiva da Península Ibérica e uma das mais antigas do mundo. Sob a
protecção de D. Pedro V a Real Associação Naval foi fundada numa reunião
presidida pelo Infante D. Luís no Hotel Bragança e a primeira Assembleia-Geral
realizou-se a 6 de Abril de 1856 no Arsenal de Marinha presidida por S. Alteza
o Infante D. Luiz, Duque do Porto que presidiu a todas as sessões de Assembleia
Geral até à sua ascensão ao trono por morte de seu irmão, passando nessa data a
Comodoro, cargo que exerceu até ao seu falecimento, substituindo-o depois El
Rei D. Carlos.
Neste largo período de vida a ANL tem trabalhado a favor do
desporto náutico sendo inúmeras as Regatas e diversões náuticas promovidas.
Após a fundação do seu rival de Lisboa manteve-se um pouco
afastada da prática desportiva continuando, no entanto, sempre a organizar
grandes certames náuticos tais como o Centenário da Índia com as disputas da
Taça Vasco da Gama em Vela e a célebre corrida de Guigas de 6 remos em 1898.
Em 1902 devido à “ (…) enérgica iniciativa do secretário do
conselho executivo, o Sr. Virgílio Costa, é reorganizada a secção de remos,
reaparecendo sobre as águas do Tejo as suas guigas que por muitos anos se
conservaram guardadas (…) ” in Ilustração Portugueza 29 maio 1905.
Foi por altura de 1863 que se começou a falar sobre a
necessidade de construção de uma Sede em Lisboa ou Paço de Arcos (“apenas
quando houvesse um fundo de caixa de pelo menos 10 contos de reis”), até aí as
reuniões e AG iam tendo lugar no Arsenal de Marinha ou em casa dos seus mais
ilustres sócios.
Em 1878 por altura da proeza do Conde de Silvã, seu sócio,
que fez a viagem entre os Açores e Lisboa a sua sede era na Rocha Conde
D´Óbidos tendo já estado num andar arrendado na Rua de Santa Catarina passando
então depois para o actual edifício da Cruz Vermelha.
Seguidamente para obter mais espaço, devido à crescente
prática da Ginástica na Associação, os directores mudaram a sua sede para um
r/c e primeiro andar do nº 45 da Rua do Alecrim. A mudança custou 2000$000 réis
e como não havia dinheiro emitiram-se Acções e Obrigações para custear a
mudança.
Por falta de mais dados sabemos que em 1899 a sede da
Associação era no topo oeste da Doca de Alcântara, edifício esse que ardeu e
com ele muita da história do nosso clube.
Em 1902 a Associação não possuía nem sede nem Posto Náutico,
por esse facto a prática do Remo e Vela era nula, devemos então a Virgílio
Costa a reorganização do clube com a instalação da Sede e Posto Náutico, em
Pedrouços, nos anos seguintes (Na altura a Liga Naval propôs a fusão entre o
CNL e ANL havendo inclusive várias reuniões).
No ano de 1905 a Associação muda-se novamente para a Doca de
Alcântara até que, em 1910, foi alugada a S/L da Rua Ivens nº 72 pertencente ao
Clube Tauromáquico e a Liga Naval também nos cedeu algumas salas nas suas
instalações, que “luxo havia duas sedes”.
Por altura de 1914 “ (…) continuou a luta do Conselho
Executivo pela sede, e levou a sua perseverança a fazer um requerimento para
obter terreno no Cais do Sodré, e abriu uma subscrição (…) ” mas até tínhamos
uma sede na Rua Nova do Almada 81 mas porque era considerada pequena fizemos então
a mudança para o Palácio Palmela, no Calhariz. Neste mesmo ano o nosso Posto
Náutico estava instalado na Sede do Clube Naval de Lisboa, no Cais da
Viscondessa, por manifesta bondade do Clube.
Em 1915 alugou-se um armazém na Cruz Quebrada para albergar
as escolas da Associação e no ano seguinte já possuíamos um Posto Náutico em
Pedrouços junto à Torre de Belém.
No princípio dos anos 20 para a Vela tínhamos a Chalupa
Albatroz e o Posto Náutico de Alcântara, o Remo tinha o seu sonhado Posto
Náutico no Cais do Gás, sede da ANL. Contudo em 1923 por falta de verbas para
manutenção fomos forçados a vender a Albatroz e em 1927 vendemos as instalações
do Cais do Sodré ao Porto de Lisboa por 37$500 escudos, restava apenas o Posto
Náutico de Alcântara.
Em 1931 construímos o nosso actual Posto de Remo da Doca de
Santo Amaro, sede do clube e um Pavilhão de Regatas na praia de Pedrouços.
Nesse mesmo ano nos Postos Náuticos efectivou-se a
construção de quatro Stars para os sócios Armando Gama, Francisco Ribeiro
Ferreira, Ernesto de Mendonça e Joaquim Fiúza, uns remos com madeira spruce vinda
de França e, também, o sócio José Duarte deslocou-se a este País para trazer os
planos de construção do YOLLE.
Em 1934 por iniciativa do remador Eliseu de Carvalho,
Tesoureiro da ANL, a secção de Vela torna-se autónoma financeira e
administrativamente, com a aprovação dos novos Estatutos. Foi nesta data então
que o clube praticamente se dividiu em dois.
Em 1935 mais uma calamidade: ardeu o Posto Náutico da Doca
de Alcântara.
O ano de 1937 marcou a vida da ANL com o protocolo assinado
com a Mocidade Portuguesa para o ensino e prática do Remo e da Vela dos jovens
daquela associação estatal.
1938 Foi um ano de melhoramento dos postos náuticos de
Pedrouços e Santo Amaro onde estava situada a nossa Sede Social. No entanto em
1939 o de Pedrouços teve que ser parcialmente demolido para dar lugar à
construção da Marginal Lisboa-Cascais e em 1940 um Ciclone que assolou a região
de Lisboa destruiu as instalações que havia na praia de Pedrouços.
Com a ida da Vela para os edifícios que não foram demolidos
da Exposição do Mundo Português a nossa Sede Social passou a ser em Belém até à
presente data.
Queremos ainda salientar o abandono de um Posto Náutico que
havia na Trafaria em 1951 e em 1955 a construção do 2º andar na Sede em Belém.
A Secção de Remo foi
sofrendo obras de melhoramento ao longo dos anos tais como a renovação do
telhado, no princípio dos anos 90, a colocação dos portões actuais e a divisão
entre o Hangar e a Zona Social em 1996.
Existe já um projecto para acrescentar mais uma nave ao
edifício imprescindível ao desejado crescimento da Secção de Remo.
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