História do Remo em Portugal
Autor:
Carlos Manuel Gomes Henriques
A
prática do Remo em Portugal, enquanto desporto organizado, terá começado em
1828 com a fundação do Arrow Club por Abel Power Dagge, os irmãos Pinto Basto e
alguns elementos da colónia britânica residente na metrópole, segundo
documentos inéditos que nos foram recentemente facultados pela família Dagge.
Do
referido acervo documental constavam as actas de fundação de várias associações
náuticas, a sua correspondência e deliberações das Assembleias Gerais, assim
como memórias de Abel Power Dagge, membro fundador da Real Associação Naval e
do Clube Naval de Lisboa, quiçá o primeiro desportista náutico a existir em
Portugal.
Segundo
José Pontes, no seu livro “Quasi um século de desporto”, a primeira regata de
desportistas amadores oficialmente realizada em Portugal foi de Remo, corria o
ano de 1849, e foi promovida por Abel Power Dagge.
São
célebres, pelo menos a partir de 1852, por ocasião dos festejos anuais de Paço
de Arcos, as Regatas em barcos à vela e a remos, promovidas pelo Conde das
Alcáçovas, por um grupo de aristocratas, alguns deles ligados à Casa Real, e
por elementos da colónia inglesa. A regata de 1853, foi presidida pelo infante
D. Luiz que se fez conduzir a bordo do vapor da Marinha de Guerra Portuguesa
Conde de Tojal. Aproveitando a estadia do barco de guerra inglês Odin, fundeado
na Baia de Paço Arcos, realizou-se uma corrida de remos entre marinheiros
portugueses e ingleses. Do programa de 1854, constava a participação de duas
guigas de 4 remos, tripuladas por “curiosos”.
Na
sequência destes eventos, foi fundada em 1855 a Real Associação Naval, a mais
antiga agremiação desportiva da Península Ibérica e uma das mais antigas do
mundo.
O
interesse despertado pelo «divertimento das regatas», associado ao “gosto e
predilecção” da Família Real pelos passeios a remos no Tejo, deram lugar em
1861, à formação de dois grupos de remadores. O primeiro grupo era composto na
sua maioria por ingleses mesclado dealguns portugueses e, o segundo, era
constituído exclusivamente por indivíduos da colónia alemã. Estes dois grupos
de amadores remavam também em guigas de 8 remos, construídas propositadamente
para esse fim pelos construtores Luís Silvério de Faria e I. C. Dangebau, que
se denominavam respectivamente Lusitânia e Germânia. A guiga Lusitânia,
construída em 1862, tinha 12,80 m de comprimento e 1,83 m de largura, tendo
custado 201,600 reis. Segundo os nossos registos, esta guiga deverá ter sido a
primeira embarcação desportiva de remo construída em Portugal e por um mestre
português. Destes acalorados desafios resulta
então
a fundação, em Lisboa, do Tagus Rowing Club e do Club dos Remeiros Lusitano,
dois dos primeiros clubes de remo instituídos em Portugal.
Numa
época em que o remo desportivo era a modalidade de eleição praticada pela elite
inglesa residente na região norte é fundado, em 20 de Junho de 1866 o Oporto
Boat Club, em 1868 o Clube Naval Portuense e em 1876, o Club Fluvial Portuense,
fundado num antigo café da Ribeira, o Café de Santo Amaro, resultante do
entusiasmo de um grupo de portuenses pelos desportos náuticos. Este último,
ainda em actividade trata-se da colectividade desportiva mais antiga do Norte
de Portugal. O Oporto Boat Club era apenas constituído por ingleses, possuindo
tripulações de muita qualidade e na altura consideradas invencíveis. Segundo as
nossas consultas a sua primeira derrota foi em 1907, sobre a qual tratamos mais
à frente. Na segunda metade do Séc. XIX, a Figueira da Foz era o local de
ferias durante os meses de Agosto a Outubro das elites portuguesas, aparecendo
a veranear também alguns espanhóis. Neste contexto formam-se na Figueira a
Associação Naval Figueirense, com estatutos de 1866 e o Clube Moderno cujos
estatutos datam de 1881. A 14 de Outubro de 1880 funda-se em Setúbal a
Associação Fluvial Setubalense, mostrando-nos que o gosto pelos desportos
náuticos em Setúbal também é muito antigo. Em 1884, ainda por iniciativa de
Abel Power Dagge, foi criado o primeiro Campeonato que se realizou em Portugal.
As regatas foram efectuadas no Tejo durante três anos seguidos, em skiff, como
competidores estiveram os ingleses Hickei e Mitchel e o futuro Barão de
Almeirim, Manuel Braamcamp, que venceu os ingleses e conquistou o Titulo de
Campeão do Tejo, ganhando uma medalha de ouro que usava com orgulho na corrente
do seu relógio. É durante este ano, 1884, que as regatas passam a ser sempre em
linha recta na distância de uma milha aproximadamente. Anteriormente eram
normalmente efectuadas entre duas bóias com ida e volta. Em 27 de Janeiro de
1892, são aprovados os estatutos do Club Naval de Lisboa, já em actividade
desde Novembro de 1891. Com o aparecimento do Clube Naval de Lisboa os
desportos náuticos e o Remo em particular, ganham um notável incremento porque
o recém-criado Clube imprime um grande dinamismo na prática desportiva. No dia
1 de Maio de 1893 é fundada na Figueira da Foz, a Associação Naval 1º de Maio,
a primeira colectividade de cariz eminentemente popular instituída em Portugal,
nascendo segundo Maria Alice Guimarães, como continuidade da Associação Naval
Figueirense. Nesse mesmo ano, a Real Associação Naval e o Real Gimnásium Club
Português criam as suas secções de Remo. Na cidade de Aveiro, em 1894, o
Ginásio Clube Aveirense organiza uma secção de Remo, que mais tarde viria a
chamar-se Clube Mário Duarte. Logo a seguir a 1 de Janeiro de 1895 é fundado o
Ginásio Clube Figueirense, como Clube Gimnastico Velocipedico Figueirense,
porventura a continuação do Clube Ginástico, fundado anteriormente nesta cidade
em 1889. Em 1896, D. Carlos e D. Amélia passearam-se num escaler de 8 remos
durante a Regata de Cascais organizada pela Real Associação Naval na qual
competiram nove provas de Remo e seis de Vela. Aquela regata, destacou-se pela
grande adesão do público que acorreu à margem para assistir àquele que foi um
dos maiores eventos desportivos realizados em Portugal. Nesse dia a vila
recebeu seis mil visitantes. Para comemorar os aniversários do Rei D. Carlos e
da Rainha Dª Amélia, o Real Club Naval de Lisboa decide realizar as Regatas de
Cascais em 29 de Setembro de 1901, a que se seguiram nos anos seguintes, na
mesma data, regatas idênticas que se celebrizaram pelo seu esplendor. Podemos
ler no Livro de actas da Comissão de Regatas do Real Club Naval de Lisboa que
nesta regata existiram provas disputadas por senhoras da sociedade
constituindo, provavelmente, uma das primeiras manifestações de desporto
feminino em Portugal. Aproveitando o apoio e beneplácito do seu Comodoro, Sua
Majestade El Rei D. Carlos, o Clube Naval de Lisboa cresceu e difundiu os
Desportos Náuticos pelo País abrindo secções e Postos Náuticos em Azambuja,
Cascais, Trafaria, Luanda, Lourenço Marques, Portimão, Lagos, Pedrouços e Funchal.
Estas delegações evoluíram mais tarde para os actuais clubes existentes nestas
localidades. No alvorecer do século XX despertava grande interesse as regatas
em guigas de quatro e de seis remos. No entanto, a falta de uniformidade nas
características das embarcações, a que se juntava uma deficiente
regulamentação, suscitavam frequentes conflitos que, em alguns casos, conduziam
à quebra de relações entre as principais agremiações náuticas. Em 1898, no
Centenário da Índia devido a um empate numa regata de Remo os atletas da Real
Associação Naval e do Real Clube Naval envolveram-se numa zaragata que destruiu
a Cervejaria Jansen, no Cais do Sodré, com prejuízos no valor de 400.000 réis
(O Infante D. Afonso quis inteirar-se pessoalmente do ocorrido) e em 1906 houve
mesmo um duelo à espada, em Cascais, entre Alberto Totta do CNL e Carlos Sá
Pereira da ANL, devido a uma regata da Taça Lisboa.
A
necessidade de regulamentação das regatas de Remo mereceu alguma reflexão no
“Congresso Marítimo Nacional”, promovido pela Liga Naval Portuguesa, em 1902,
sem que contudo daí resultasse alguma alteração tendo, no entanto, sido
aprovada a tese “Impulsionamento do rowing nacional. Sua utilização possível na
educação física do povo português”, da autoria de Joaquim Leotte dirigente do
Clube Naval de Lisboa e o grande responsável pela instituição da Taça Lisboa a
prova mais importante do Remo Português.
É
neste contexto que em 1904, a pedido de Joaquim Leotte, a Associação Naval de
Lisboa, o Clube Naval de Lisboa, o Clube de Aspirantes de Marinha e o extinto
Clube Naval Madeirense instituíram a Taça Lisboa em Remo como Campeonato de
Portugal, Taça ainda hoje em competição, constituindo a prova desportiva mais
antiga do nosso país. Assim nasceu a Taça Lisboa e a Convenção que se lhe
seguiu assinada pelos mesmos clubes, a 20 de Abril de 1904. A primeira regata
da taça foi realizada a 29 de Maio, ao longo da muralha da Junqueira, entre as
docas de Santo Amaro e do Bom Sucesso. A Convenção, o primeiro regulamento de
regatas de Remo, estabelece as bases para a regulamentação “das corridas de
embarcações de Remo e tinha como fim último promover “o desenvolvimento do
rowing portuguez”, a ela se devendo orápido desenvolvimento que o Remo atingiu
nos anos que se lhe seguiram.
Nos
Jogos Olímpicos de 1908, Henry Bucknall, o voga da tripulação de Shell 8 de
Inglaterra, que venceu a medalha de ouro, foi remador do Clube Naval de Lisboa.
Filho do seu Comodoro Bucknall, tendo associado a si e a seu pai uma história
de desforra entre o CNL e uns ingleses do Porto, como já tínhamos descrito
anteriormente. Em 1907 depois de várias derrotas e humilhações dos remadores
portugueses contra as tripulações invencíveis dos ingleses do Porto, o Comodoro
Bucknall, agarrou no seu filho e meia dúzia de atletas do CNL e levou-os para
estágio para uma propriedade que possuía em Sarilhos. Dos treinos bastante
puxados apenas resistiram o seu filho e mais três jovens que desafiaram e
venceram os ingleses numa regata em Cascais, era a primeira vez que alguém lhes
ganhava. Deverá ter sido, também, o primeiro estágio de “competição” efectuado
no nosso Pais. Logo a seguir uma tripulação da Real Associação Naval consegue
um feito idêntico e acaba-se o mito dos ingleses do Porto. Em 1908 o Dr.
António Rainha oferece ao Ginásio Figueirense a Taça Mondego para ser disputada
em inriggers de 4 remos na distância de uma milha, por todas as tripulações
nacionais existentes, sempre no rio Mondego. Em 1911 Francisco Bento Pinto
oferece à Associação Naval 1º de Maio a Taça Alzira, disputada no mesmo tipo de
embarcação mas como Campeonato Regional. Segundo o grande dirigente figueirense
Severo Biscaia: “A disputa da Taça Alzira constituía um grande alvoroço e
assunto de todas as conversas, atiravam-se pedras de cima da ponte à passagem
das embarcações, e ouviam-se muitos insultos mútuos pois os do Ginásio eram
finitos que só comiam bifes e bebiam água das pedras e os da Naval uma data de
carroceiros que se alimentavam a vinho tinto e sardinha.” A proclamação da
República teve repercussões nos Desportos Náuticos, sobretudo na Vela com o
desaparecimento dos Yachts Reais. Consequentemente, os clubes apadrinhados pela
Família Real sofreram um duro revés, foi necessário mudar de nome e de
pavilhão. Porém, lentamente, conseguem reagir reformando os respectivos
estatutos, ao mesmo tempo diversificam a sua acção, tornando-se mais
eclécticos, criando secções com diferentes modalidades desportivas, a par de
uma intensa actividade cultural e social, patente na organização de festivais náuticos
e na promoção de passeios à vela e a remos que movimentam grande número de
sócios, respectivas famílias e despertam o interesse da sociedade da época.
Paralelamente, promovem a construção em Portugal dos primeiros barcos a remos
de corrida, nos estaleiros privativos da Associação e do Clube Naval. Decorria
o ano de 1910 quando se funda em Viana do Castelo o Viana Taurino Club o
primeiro desta cidade e que iria começar e dinamizar o desporto do Remo no rio
Lima, contudo já em 1906 no Jornal Aurora do Lima podemos ler que: “nas festas
da Senhora da Agonia realizou-se uma regata de três escaleres a 4 remos”.
Ainda
neste ano Armando Soares Franco, Presidente da ANL oferece uma Taça com o seu
nome para ser disputada pelas Escolas Superiores de Lisboa e Mauperrin Santos,
sócio do Clube Naval, Director da Escola Académica e Presidente da Sociedade
Promotora de Educação Física Nacional (futuro COP) oferece também uma Taça com
o seu nome que seria disputada pelas Escolas Secundarias e Liceus da Capital,
começando então uma nova era no desporto escolar. As regatas eram organizadas
pelo CNL e pela ANL com o patrocínio da CML. Alguns anos mais tarde a Federação
Portuguesa do Remo continuaria a utilizar essas Taças com o mesmo propósito,
nascendo as regatas escolares que se iriam disputar até aos anos sessenta em
Lisboa, no Porto e na Figueira.
Nas
regatas efectuadas nesse ano, a 3 de Outubro pelo Viana Taurino, em Viana do
Castelo, para competição da Taça com o nome do clube, origina-se uma grande
celeuma porque um dos competidores, o Clube Fluvial Portuense, coloca slides no
escaler Porto que vence a regata mas depois é desclassificado, pelos árbitros.
Este episódio fez correr muita tinta nos jornais da época. Na regata
participaram clubes de Viana, Esposende, Vila do Conde e Porto. Ainda na mesma
regata comentou-se o equipamento dos atletas, se devia ser calça ou calções e
lê-se também no Jornal Sport de Lisboa “ (…) A garrafa de excitante despejada à
partida pela tripulação do Viana Taurino Clube, a que se refere o Sr. Silveira,
não passa de uma simples e inofensiva garrafa de água do Vidago (…).
O
ano de 1919 é marcado pela realização, na Figueira da Foz, do Campeonato
Internacional de Remo para comemorar a vitória das forças aliadas da Primeira
Grande Guerra, onde seria disputada a Taça da Vitória que a par da Taça Lisboa
seria a prova mais importante do remo português. Podiam concorrer a este
campeonato todas as colectividades desportivas nacionais e estrangeiras
legalmente constituídas.
A
Taça da Vitória foi instituída pela Associação Naval 1º de Maio e adquirida por
subscrição entre as Nações Aliadas da Grande Guerra e destinava-se a ser
disputada em outriggers de oito remos. As Nações que subscreveram a Taça foram
Portugal, Brasil, América do Norte, Inglaterra, França, Itália, Bélgica,
Servia, China, Japão, Grécia, Sião, Roménia, Honduras, Libéria, Panamá,
Nicarágua e Peru. Também em 1919 formou-se a primeira Selecção Nacional de remo
para os Jogos Interaliados em Paris.
Dado
que não se realizaram os Jogos Olímpicos, as Nações Aliadas organizaram estas
provas, em vários desportos, para moralizar os soldados e aproximar os países
amigos.
Um
misto da ANL e do CNL, representou Portugal e remou em Shell 8 e Shell 4.
No
dia 19 de Fevereiro de 1920 na Sala da Associação Naval de Lisboa reúne-se a
Comissão Organizadora e Iniciadora da Federação Nacional de Remo, com a
participação dos clubes de Lisboa e da Figueira (do Porto não houve resposta à
solicitação mesmo depois de serem enviados dois ofícios), marcando então uma
reunião de delegados oficiais para o dia 10 de Março, sendo contudo no
Congresso Náutico Nacional realizado no Porto, em Abril de 1920, por iniciativa
do Clube Fluvial Portuense com o apoio do Sport Clube do Porto, que a
Associação Naval de Lisboa e o Clube Naval de Lisboa apresentaram as bases, da
Federação Nacional de Remo passando, a partir dessa data, a existir uma
entidade reguladora do desporto do Remo em Portugal. Nesse mesmo congresso são
também instituídos e regulamentados os Campeonatos Nacionais de Remo
Aos
29 dias do mês de Agosto de 1921 reuniram-se na Sala da Associação Naval, os
clubes: Associação Naval de Lisboa, Clube Naval de Lisboa, Associação Naval 1º
Maio, Ginásio Clube Figueirense, Clube Naval Setubalense e Sport Algés e Dafundo
tendo procedido à eleição da primeira Comissão Dirigente da Federação
Portuguesa do Remo que ficou assim constituída:
Presidente
– Dr. Carneiro Prego
Secretario
– Nuno Vasconcelos
Tesoureiro
– José Reis
Vogais
– Augusto Salgado e Carlos Botelho Moniz
Em
1922 a Federação Portuguesa do Remo inscreve-se na FISA, o que lhe permite
fazer-se representar nos campeonatos da Europa em Como, Itália, em 1923, com
uma tripulação de Shell de dois com timoneiro do Sport Clube do Porto e, em
1926, em Lucerna, Suíça, com uma tripulação do Clube Naval de Lisboa que
participa nas provas de quatro com e sem timoneiro.
Os
Campeonatos Nacionais de Remo de 1931, organizados pelo Clube Fluvial Portuense
e pelo Sport Clube do Porto, realizados no Porto, entre o Bicalho e a Alfândega,
destacaram-se pela forte adesão do público que acorreu a ambas as margens para
assistir àquele que foi o maior evento desportivo realizado em Portugal até
aquela data, tendo-se computado uma assistência superior a 50 mil pessoas.
Nesse
mesmo ano, as Regatas Internacionais da Figueira da Foz com provas Natação,
Remo e Vela tiveram igualmente grande adesão por parte do público,
contabilizando-se cerca de 25 mil assistentes.
A
realização, a partir da década de trinta, dos Campeonatos Escolares de Remo,
organizados pela Federação Portuguesa de Remo e a criação a nível estatal dos
Centros de Remo da Mocidade Portuguesa, movimentaram um maior número de
praticantes, facto que se reflecte no fomento da modalidade.
Nos
anos quarenta organizaram-se várias e diferentes provas destacando em 1944 o I
Campeonato de Remo para empregados das Companhias de Seguros, Torneios da
Mocidade, o Campeonato Peninsular em 42,43 e 45, e um Campeonato Nacional
Universitário em 1945. Em 1947 a FPR organizou a 1ª Conferência Nacional de
Remo, publicando também um anuário. No ano de 1948 Portugal inicia a sua
participação nos Jogos Olímpicos, aproveitando as excelentes performances das
célebres tripulações do S. C. Caminhense e do Galitos de Aveiro. Em
1952,1960,1972,1992,1996 e recentemente em 2008 volta a marcar presença nestes
eventos. É na década de quarenta que também se conjectura sobre a construção de
uma pista de Remo na Cruz Quebrada, em Lisboa, na Barragem do Ermal, em Braga
ou na Pateira de Fermentelos, em Aveiro, desenrolando-se uma acesa discussão
sobre o melhor local.
Os
anos sessenta destacaram-se pelo início da competição dos Jogos Luso
Brasileiros e em 1966 foram criados os escalões etários para os mais jovens,
como categoria de remadores.
A
partir de 25 de Abril de 1974, dá-se início a uma nova etapa no desenvolvimento
do Remo desportivo, pautada pelos princípios de democratização do desporto,
definidos na política estatal da época, tendo em vista a massificação da
modalidade. No âmbito desta política, a Direcção Geral dos Desportos,
implementa Planos de Desenvolvimento da Modalidade. Em 1976, inicia-se o
processo de formação de treinadores, sistematizados em vários graus. É
estabelecido um intercâmbio com a Polónia com a vinda da equipa olímpica polaca
durante todo o mês de Fevereiro, tendo, no âmbito do mesmo, sido dada formação
a um elevado número de técnicos nacionais. Paralelamente, assiste-se à criação
de Escolas de Remo da DGD por todo o país.
Nos
anos 80, a ANL introduziu a variante de Remo Indoor em Portugal organizando, em
1992, o primeiro Campeonato Nacional de Remo Indoor que conta com um elevado
número de participantes.
Em
1985, realiza-se o primeiro Congresso de Remo, na Figueira da Foz onde, pela
primeira vez, se reúnem todos os agentes desportivos que participam na vida da
modalidade, tendo-se debatido amplamente os problemas do Remo. No ano seguinte
o Remo passa a integrar as modalidades com planos de Alta Competição que a Direcção
Geral dos Desportos apoia.
Após
esporádicas presenças em 1962 e 1982, Portugal inicia, em 1986, a sua
participação regular e sistemática em campeonatos do mundo de remo com uma
presença em Inglaterra. Dois anos depois, Henrique Baixinho, skiffista peso
ligeiro, classifica-se em 4º lugar no Campeonato do Mundo de Milão.
Em
1985 disputa-se em Óbidos um Oxford – Cambridge em Shell de oito, numa pista já
balizada, embora de forma rudimentar. Também neste ano são iniciados cursos de
remo para cidadãos com deficiência.
Em 1989 são redigidos os novos estatutos
e os treinadores criam a sua própria estrutura – o Conselho de Treinadores. A
década de 90 é marcada pelo aumento de participações em competições no
estrangeiro e pela obtenção dos resultados mais significativos na História do
Remo nacional, destacando-se: A conquista, em 1990, da primeira medalha na Taça
das Nações com uma tripulação feminina em double-skull. No ano seguinte,
novamente uma tripulação feminina conquista mais uma medalha na Taça das
Nações, uma medalha nas regatas internacionais de Lucerna e atinge a final A no
Campeonato do Mundo; Em 1994, a conquista da primeira medalha num campeonato do
mundo com uma tripulação de quadri - skull peso ligeiro. Em 1999, uma
tripulação de double-skull masculino, Artur Antunes e Bruno Mascarenhas,
conquista o seu primeiro título Mundial, no Campeonato do Mundo de Juniores em
Plovdiv, Bulgária. A publicação de legislação sobre o regime jurídico das
federações, em 1993, implica que estas alterem os seus estatutos para poderem
ser consideradas de utilidade pública desportiva. Em Lisboa realiza-se a
Conferência Anual FISA de Treinadores com a presença de técnicos de todo o
mundo. Em 1997 tem início o plano de apetrechamento dos clubes, apoiado pela
Federação, que viria a contemplar mais de 100 embarcações, dezenas de
ergómetros e centenas de remos. Três anos mais tarde, cinco árbitros
portugueses obtêm a licença internacional e, quatro deles, passam a partir
desta data a marcar presença nas grandes regatas internacionais, incluindo
campeonatos do mundo. José Nunes é eleito Presidente da Comissão do Remo
Adaptado, sendo o primeiro português a ter assento nas estruturas executivas da
Federação Internacional, devendo-se ao seu excelente desempenho nesse cargo, a
participação do Remo Adaptado, pela 1ª vez nos jogos olímpicos em Pequim. Em
2002, depois de um processo iniciado em 1997, é inaugurada a pista de Montemor
– O – Velho, obedecendo o seu projecto às especificações da FISA para pistas
internacionais. Em 2003, e depois de uma primeira participação no ano anterior,
uma tripulação de Remo Adaptado de Soure conquista a primeira medalha num
campeonato do mundo. A prática desportiva do Remo tem-se diversificado nos
últimos tempos e encontramos hoje também nos planos de actividade federativos
além da competição o Remo Indoor, o Remo de Mar, o Remo Adaptado e o Remo de
Turismo. A conquista do primeiro título mundial da sua história, em 1999, a
organização do Congresso Extraordinário da FISA na cidade do Porto em 2001, com
a presença de 200 delegados de 60 países, e a realização em Montemor – O –
Velho, em Agosto de 2002, da Coupe de la Jeunesse, competição onde estiveram
presentes 400 participantes de 10 países europeus, deram à Federação e ao País,
uma visibilidade exterior impensável poucos anos atrás, o que originou através
de um grande empenho da Federação Portuguesa do Remo e do Governo, a conquista
da organização do Campeonato da Europa de 2010 ao fim de 86 anos, o que
motivou, até um castigo a Portugal pela FISA, devido ao facto de em 1924 e 1954
os Governos de então não terem apoiado a organização do evento já destinada a
Portugal. Em 2004 Carlos Henriques e André Correia presidentes do CNL e ANL
organizaram a regata comemorativa do Centenário da Taça Lisboa no mesmo local
da 1ª prova e um Jantar no Museu de Marinha. Nessa regata o Náutico de Viana
vence o Troféu Centenário, um Jarrão oferecido propositadamente pela Vista
Alegre. A prova foi um sucesso de participação a nível de clubes e um record de
espectadores nas provas organizadas em Lisboa. Esta Regata serviu de ensaio
para a Regata comemorativa dos 150 Anos da ANL.
Encerrando as comemorações dos 150
anos da ANL, a Lisboa Classic Regatta teve nesse ano como
ponto alto uma inédita disputa entre as Universidades de Oxford e
Cambridge.
Em 2005, a mítica Universidade de
Cambridge esteve pela primeira vez em Lisboa, e foi derrotada pela Selecção de
Lisboa, numa regata inédita em Yolle de 8. Este desaire não deixou de causar
alguma surpresa, já que a equipa inglesa disputa anualmente com Oxford uma das
mais conceituadas regatas a nível mundial.
Voltaram-se a efectuar estas provas em
2007 e 2008 sempre com um grande êxito e com a chancela do Comodoro da ANL
André Correia.
Depois de algumas provas de selecção
atribuladas, querelas dos treinadores da selecção com o treinador do Sport
Clube do Porto e com o treinador particular dos atletas Pedro Fraga e Nuno
Mendes, a tripulação de Double-Skull Peso Ligeiro conseguiu o apuramento para
os Jogos Olímpicos de Pequim e teve uma excelente prestação conseguindo chegar
às Meias-Finais ficando em 8º na Geral, melhor só a equipa do Galitos de Aveiro
uns anos antes.
Nos Jogos Paralímpicos tivemos a
participação de Filomena Franco.
A Federação Portuguesa do Remo
participou activamente na fundação do Comité Paralímpico de Portugal e Carlos
Henriques é eleito para a sua Comissão Executiva em representação do Remo
português. O Remo Adaptado está em franco desenvolvimento em Portugal, com
aumento do número de atletas e participação internacional nos Jogos
Paralímpicos e Global Games, contando já com medalhas nos campeonatos do Mundo
da Modalidade.
Em Avis, local privilegiado, para o
treino do Remo dos clubes do Distrito de Lisboa e Setúbal, um antigo atleta
internacional, Luís Teixeira desenvolveu um projecto meritório – Avizaqua –
onde existe um centro de estágio, com um Hotel, Restaurante, Ginásio e Piscina,
entre outras comodidades num ambiente de treino fantástico, que segundo ele: “o
edifício é inspirado numa folha e na sua queda no solo transformando-se num
elemento orgânico que acompanha as curvas de nível do terreno sem danificar a
estrutura arbórea existente.”
Numa Pista de Remo totalmente renovada,
Montemor foi palco em 2010 do Campeonato da Europa de Remo, organizado pela
FPR, avançando também a construção dos Centros de Alto de Rendimento de
Montemor e do Pocinho, locais que irão permitir um aumento da qualidade de
treino aos atletas da Selecção Nacional. Nesta Regata Pedro Fraga e Nuno Mendes
sagraram-se Vice Campeões da Europa em double-skull Peso Ligeiro.
A paralímpica portuguesa Filomena Franco
conquistou a medalha de bronze na prova de Skiff (AS) dos Campeonatos do Mundo
de remo, que decorreram no lago Karapiro, na Nova Zelândia."A prova correu
muito bem, apesar do vento, que obrigou a um controlo muito grande do
barco", disse Filomena Franco, uma atleta paraplégica, em declarações à
Agência Lusa.
Filomena Franco, que terminou a prova de
1000 metros em 07.37,36 minutos atrás da brasileira Cláudia Santos (06.47,60) e
da francesa Nathalie Benoit (06.43,18), lembrou que o seu grau de lesão "é
bastante maior do que os das duas primeiras classificadas".
Depois de ter estado em Pequim2008 por
convite, no ano que marcou a estreia do remo nos Jogos Paralímpicos, Filomena
Franco garantia que agora sonha com uma presença em Londres 2012. "Estou
no caminho certo, corri com as melhores do Mundo. Quero chegar mais longe, sei
que tenho muito que trabalhar, mas quero estar em Londres", referiu. Nos
Jogos de Pequim 2008, Filomena Franco ficou em 11.º lugar na final B, tendo
então admitido que o seu objectivo "era chegar ao fim".
Nos Jogos Olímpicos de 2012 em Londres a
dupla de Peso Ligeiro Pedro Fraga – Nuno Mendes conseguiram uma prestação
espetacular, apurando-se para a Final A onde conseguiram um extraordinário 5º
lugar. Ainda neste ano, em Varese – Itália, esta dupla voltou a ficar em
segundo lugar nos Campeonatos da Europa.
Filomena Franco conseguiu também
participar nos Jogos Paralímpicos de Londres.
Em 2013 Pedro Fraga venceu duas provas
da Taça do Mundo em Skiff Peso Ligeiro (Lucern e Eton Dorney) tornando-se o
primeiro português a alcançar este feito, sagrando-se ainda Vice-campeão da
Europa nos Europeus de Sevilha. No Campeonato do Mundo desse ano, na Coreia
igualou a prestação de Henrique Baixinho, em 1988 e obteve o 4º lugar em Skiff
Peso Ligeiro.
No ano seguinte em Belgrado, mais um
feito para este atleta, em Belgrado na Sérvia subiu ao mais alto degrau da
prova e sagrou-se Campeão da Europa em Skiff peso ligeiro.
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