terça-feira, 27 de agosto de 2024

Ginásio Clube Aveirense

 

Ginásio Aveirense (Gymnasio Aveirense) foi um clube da cidade de Aveiro, fundado por Mário Ferreira Duarte, que existiu entre finais do século XIX e inícios do século XX. Tendo como modalidades ginástica, futebol, remo, ténis, golfe, ciclismo e automobilismo.

Terá organizado a primeira corrida automóvel em Portugal, marcada para 1 de Maio de 1898, entre Coimbra e Aveiro, no entanto não se encontram referências de que esta corrida se tenha efectivamente realizado.

A 12 de Agosto de 1894 organizou corridas no velódromo de Aveiro englobadas nas festas de homenagem a José Estevão. 

Às 13:15 de 12 de Agosto de 1894, incluída nas festas de homenagem a José Estevão, organizou uma regata, em conjunto com o Real Club Fluvial Portuense.

Da qual saíram vencedores os escaleres Neiva, do Real Club Fluvial Portuense, Mariposa, do Ginásio Aveirense, e Nauta, a bateira Carnot e o Barco Moliceiro Arreda da Proa.

O Ginásio organizou uma prova de remo na região, na Costa Nova em 1895. No entanto acabaria por desistir, o que levantou celeuma ao qual escreveu um articulista de Ílhavo: «Então numa terra da beira-mar, um Ginásio com cerca de cem sócios não tem entre eles uma boa dúzia que saiba pegar num remo? Para que diabo gastaram então boa mão-cheia de libras na compra dos barcos?

A 2 de fevereiro de 1907 anunciava-se no jornal Campeão das Províncias:

"Corre que o grémio Ginásio expira por estes dias, e que em sua substituição se criará um grémio que irá fundir-se com o Club Mário Duarte."

O mesmo jornal, em 2 de março de 1907, anuncia que ainda se procura dar vida ao Ginásio.

Por fim, na edição de 21 de Agosto de 1907 do referido jornal, na última página, aparece o seguinte anúncio de arrematação:

"Pelo tribunal do comércio desta comarca, cartório do escrivão A. Pinheiro e nos autos de justificação para arresto em que é justificante o Banco de Portugal representado pelos seus agentes nesta cidade e justificado o «Gremyo-gynasio-aveirense» também desta cidade, vão à praça no dia 1º de Setembro próximo pelas 11 horas da manhã à porta de onde se encontra instalado o mesmo Grémio, para serem entregues a quem maior lanço oferecer sobre a sua avaliação, todos os móveis e objectos ali existentes.
Pela presente são citados quaisquer credores incertos para deduzirem os seus direitos. Aveiro, 19 de Agosto de 1907"

De acordo com este jornal, na sua edição de 28 de dezembro de 1907, a maioria do material seria arrematado pelos sócios do Club Mário Duarte, bem como a antiga sede do Ginásio que seria arrendada por estes por um período de 5 anos. Apesar disto, o Club Mário Duarte não é uma continuação do Ginásio Aveirense, este mesmo jornal dá conta, na sua edição de 9 de novembro de 1907, da criação de um novo clube, denominado «Clube D'Aveiro», que aparentava ter esse propósito, no entanto este clube aparenta, pelos dados disponíveis até ao momento, ter sido irrelevante e de pouca dura.









quinta-feira, 30 de novembro de 2023

 O Remo no Mundo - a minha visão


 

O Remo como meio de propulsão, que consiste em colocar a pá dentro de água com um ponto de apoio na borda da embarcação é utilizado desde sempre. Sendo mais fácil em mares abrigados, não invalida, no entanto, o seu uso na travessia dos Oceanos como nos foi demonstrado pelos “Drakkars” Vikings.

 

 

 

Tendo começado, certamente pela utilização de um tronco flutuante o Homem foi desenvolvendo embarcações cada vez mais sofisticadas através da união de troncos chegando até aos impressionantes Trirremes,

 

  

Trirreme

 

                                          

 

 

que utilizavam cerca de 170 remadores. Foram Usados no Mediterrâneo, onde os homens chegavam a morrer à fome, à sede ou em pleno combate nessas embarcações.

O Remo como desporto de competição é um dos mais antigos e tradicionais, regatas entre galeras faziam parte das civilizações egípcias, gregas e romanas. Na Odisseia, Homero fala-nos numa viagem de Ulisses, pela ilha de Ítaca, num barco a remos, enquanto que na Eneida, Virgílio conta-nos que Eneias, príncipe de Tróia, homenageou seu pai, com uma disputa entre quatro barcos, movidos por duzentos remadores acorrentados às embarcações. O Faraó Amenophis II foi imortalizado na sua tomba remando, há também excertos de uma regata em Veneza no ano de 1315.

Apesar do Remo ser muito popular entre profissionais só no inicio dos anos 1700 é que o desporto se popularizou entre cidadãos amadores quando principiaram as regatas ao longo do Tamisa, das quais a mais antiga que se conhece é a Doggett´s Coat and Badge Race que toma lugar desde 1715.

 

 Em 1775 realizou-se um Festival de Água da qual fazia parte uma regata de remo em Chelsea, no Tamisa, que obtinha muitos patrocinadores e que constituiu a possibilidade para Handel compor a sua “Water Music”. Nos finais do século XVIII o Remo começou a fazer parte do desporto Universitário o que lhe proporcionou um grande incremento, principalmente depois de em 1829 ter sido estabelecida a primeira das tradicionais regatas entre Oxford e Cambridge. Dez anos volvidos e efectuava-se a primeira das célebres regatas de Henley.

Nos Estados Unidos a regata de Yale contra Harvard teve o seu início em 1852. O Canadiano Ned Hanlan (“The Boy In Blue”, dado que envergava uma camisola azul) a nível profissional sagrou-se Campeão do Mundo entre 1880 e 1884 em Skiff, ainda antes das Olimpíadas.

 

Pierre de Coubertin, fundador dos Jogos Olímpicos modernos, em Ouchy ©

 

O pai dos Jogos olímpicos, Barão Pierre de Coubertain, escreveu várias vezes sobre o desporto do Remo, uma das quais com esta bela frase que nos transmite a ideia geral do Remo “O intenso esforço do remador, a harmonia e o sincronismo dos seus movimentos na transposição das barreiras naturais fazem do Remo um desporto ideal”.

A Federation Internationale dês Societès d´Aviron (FISA), fundada em 1892, é a mais antiga de todas as Federações desportivas, possui a sua sede em Lausanne com mais de uma centena de membros. A Federação Portuguesa do Remo, a mais antiga de Portugal, fundada em 1920 é membro da FISA desde 1922.

 

                                                                           

                FPR                                                                                      

                                                                                            FISA

Apesar da técnica de remo não ter sofrido grandes alterações ao longo do tempo, o desenho, a construção e o peso do equipamento utilizado no desporto do Remo sofreu grandes modificações em especial no século vinte.

As primeiras embarcações de corrida eram de casco trincado robustas e pesadas, o atleta utilizava apenas os braços e o tronco como meio de propulsão. Existiam com um, dois, quatro seis e oito remadores, actualmente desapareceram as de seis. Os barcos eram conhecidos como inriggers ou outriggers conforme a sua forqueta ou tolete era colocada directamente no casco, ou utilizavam uns acrescentos em metal, as aranhas (que apareceram por volta de 1828). Em outriggers existiam o Skiff ou Single de um atleta com remos parelhos, o Pair-Oar de dois atletas, cada um com um remo de ponta e timoneiro, o Double Skull de dois atletas com remos parelhos, sem timoneiro e os de quatro, seis e oito remadores com timoneiro e remos de ponta.

A beleza do Remo encontra-se no ritmo dos atletas que impulsionam a embarcação (“A Sinfonia do Movimento”como descrevia o construtor George Pocock). O estilo e o ritmo têm variado ao longo dos anos, sendo que actualmente, a remada consiste num movimento cadenciado e distinto durante o seu ciclo. A remada pode ser dividida em várias partes, iniciando-se no ataque, com a tomada de água, a passagem do remo na água e o final com o safar do remo (saída da pá da água), depois vem o deslize do remador com o remo fora de água e o início de um novo ciclo da remada. O remador está sentado de costas para a proa da embarcação, o movimento é gerado por uma sequência de Pernas, Tronco e Braços e o deslize fora de água é o inverso com Braços, Tronco e por fim as Pernas. 

Basicamente podemos dividir a modalidade em Remo de Ponta e de Parelhos. No Remo de Ponta o atleta segura um remo, com cerca de 3,90 metros, utilizando para isso as duas mãos, na disciplina de Parelhos, o remador segura um remo em cada mão, de cerca de 3m de comprimento. Os remos começaram por ser em madeira mas actualmente são construídos em material compósito, ultralight.

 

 

 

Actualmente no Remo Olímpico, só existem barcos de tipo Shell (sucessores dos outriggers) podendo ser divididos no Skiff (1X) – Um atleta com dois remos parelhos, o Double Skull (2X) – com dois atletas de remos parelhos, o Quadri Skull (4X) – quatro atletas com remos parelhos, o Shell de dois sem timoneiro (2-) – dois atletas com remos de ponta, o Quatro sem timoneiro (4-) – quatro atletas cada um com o seu remo de ponta, e o barco rei do Remo o Shell de oito (8+) – oito atletas com timoneiro e cada atleta com um remo de ponta; competimos ainda em Shell de dois com timoneiro (2+) – dois atletas com um remo de ponta cada e com um timoneiro, no Quatro com timoneiro (4+) – quatro atletas com um remo de ponta cada e com um timoneiro, embora estas últimas duas embarcações não pertençam ao alinhamento dos Jogos Olímpicos, por razões economicistas. O comprimento das embarcações varia entre cerca de sete metros no Skiff e dezoito metros no Oito, que é dividido em duas partes, para melhor ser transportado. Durante as regatas de Remo o plano de água permite o alinhamento de pelo menos seis tripulações, em pistas com um mínimo de 12,50 m até um máximo de 15m de largura e um comprimento de 2 Km em linha recta. As pistas são delimitadas por bóias que estão colocadas com um intervalo de 12,2 m. Nos rios de maior caudal é usual, em Portugal, especialmente em Lisboa, remar com uma embarcação de casco trincado com sete tábuas de cada lado – o Yolle – que é utilizado em barcos de quatro e oito atletas com timoneiro e remos de ponta. O Yolle (sucessor das Guigas) é uma embarcação na qual os atletas se colocam em zigzag e não em fila como no Shell ficando a forqueta colocada nas falcas portanto, sem aranhas (inrigger). Para direccionar as embarcações o timoneiro utiliza o leme, uma peça móvel em torno de um eixo colocado na ré e dirigido por uns cabos, chamados gualdropes (ou galdropes). Quando não existe timoneiro o leme é comandado por um dos remadores através do seu sapato (pé).

               

Em 1857 J.C. Babcock de New York inventou uma forma de slide num Skiff e em 1870 adaptou-o num barco de seis remos. O slide ou carrinho veio dar um grande incremento no andamento da embarcação pois possibilitou a utilização das pernas na remada. Em 1875 Michael Davis patenteou a forqueta com travinca e no ano seguinte desenvolveu uma embarcação com aranhas móveis. As aranhas móveis foram mais tarde proibidas pela FISA, por este facto não é usado, apesar de possibilitar um andamento muito superior à das embarcações com aranhas normais.

 

M.F. Davis patent#165,072                                  

 

 

                                            

                                                                   M.F. Davis patent#209,960

 

 

Em 1893 a FISA organizou o seu primeiro Campeonato da Europa de Remo, em Orta, Itália, nesse mesmo ano fundou-se em Cambridge`s Newnham College a primeira Sociedade de Remo Feminino.

Em 1896 foram eliminadas das Regatas de Boston City as provas com profissionais. Ainda nesse ano, na Grécia, realizaram-se as I Olimpíadas modernas das quais o Remo fazia parte, no entanto as provas foram canceladas devido ao mau tempo. Desde essa data que o Remo faz parte dos Jogos Olímpicos.

 

 

CARTAZ DOS J.O. 1896

 

 

 

Em 1916 o Remo para ligeiros, atletas com menos de 72,5 Kg, foi introduzido nas universidades americanas por Joe Wright na Pensilvânia, ao mesmo tempo que, em Inglaterra, Steve Fairbairn começava a treinar no estilo que ficou com o seu nome e obtinha excelentes resultados.

Em 1923 formava-se em Inglaterra a Women`s Amateur Rowing Association e em 1927 a tradicional Boat Race (Oxford - Cambridge), foi pela primeira vez televisionada pela BBC enquanto que se iniciava também a regata Oxford – Cambridge no Feminino.

 

100th race   A 100ª REGATA OXFORD – CAMBRIDGE

 

Nos anos seguintes o Remo continuou a ser um dos desportos mais praticados ao mesmo tempo que se assistia a um grande incremento técnico e de material, as embarcações tornaram-se mais leves e sofisticadas e as tripulações evidenciaram uma técnica mais apurada devido ao aumento do treino e do seu controle. Durante o período da II guerra mundial as competições foram praticamente todas suspensas. Com a divisão europeia nos dois blocos também o Remo sofreu grandes diferenças na sua técnica e estilo havendo duas grandes escolas, – a Alemã Ocidental e a dos países de Leste com a sua política de desporto nacional.

Em 1954 realizaram-se os primeiros campeonatos da Europa Femininos que foram dominados pela União Soviética. No ano de 1962 competiram-se em Lucerna os primeiros Campeonatos do Mundo realizados pela FISA, assim como em 1967 a primeira regata FISA Júnior foi organizada em Ratzburg, Alemanha. Durante o ano de 1969 foi construído a primeira embarcação desenhada para Remo de Recreio (o Alden Ocean Shell, lançado por Arthur Martin) o que veio introduzir uma nova vertente no Desporto mais antigo do Mundo. Nos mundiais de 1970 os alemães orientais conseguiram medalhas de ouro ou prata em todas as provas. Em 1974 pela primeira vez realizaram-se em Lucerna os Campeonatos do Mundo para Pesos Ligeiros e para Femininos em que a distância para elas era de 1000 metros. Ainda nesta distância realizaram-se em Montreal, em 1976 as primeiras Regatas Olímpicas de Femininos. Na vertente de Pesos Ligeiros as classes Femininas e Masculinas só fizeram parte do emblema olímpico em 1996, Atlanta.

 

Foi em 1977 que os irmãos Dreissigacker começaram a construir remos de material compósito e em 1981 lançaram também no mercado o ergómetro Concept II que veio revolucionar o treino do remo e universalizar um dos desportos mais completos que se pratica.

O primeiro Campeonato do Mundo de Femininos Pesos Ligeiros teve lugar no ano de 1985 em Hazewinkel em que a distância de prova para as mulheres foi igualada à dos homens. Em 1991 mais uma vez os Dreissigacker desenharam e lançaram no mercado uma inovação – os remos com pá de cutelo – que com o aumento do tamanho da pá iria ajudar os atletas com pior técnica mas que em equipas de topo nunca se chegou à conclusão da sua vantagem, apesar da seguinte universalização das pás Big Blade (um melhoramento da pá de cutelo que fica sem a espinha). Ao longo das épocas estes remos continuam sofrendo várias alterações mínimas que apenas servem a economia e o consumismo da empresa americana.

Nesse mesmo ano como não podia deixar de ser, foi inaugurado em Inglaterra, pela Rainha Isabel II o Museu do Remo com o nome de River and Rowing Museum.

 

No limiar do século XXI o britânico Steve Redgrave conquistou a sua quinta medalha de ouro olímpica em cinco olimpíadas consecutivas algo nunca conseguido por outro atleta em desportos de endurance. Outro atleta, também remador e inglês, Jack Beresford conseguiu três medalhas de ouro e duas de prata em cinco olimpíadas, tendo sido apenas traído pelo cancelamento dos jogos olímpicos que se deviam realizar em 1940. Nos femininos Elisabeta Lipă venceu cinco medalhas de ouro, duas de prata e uma de bronze nas suas presenças em seis jogos, Georgeta Damian venceu também cinco medalhas de ouro e uma de bronze nas três olimpíadas em que competiu, Ekaterina Karsten venceu três medalhas nas suas três presenças em olimpíadas duas de ouro e uma de bronze. 

 

Steve Redgrave – GB


quarta-feira, 29 de novembro de 2023

 REMO DE MAR - COASTAL ROWING


Remo costeiro: a evolução do remo tradicional

Remo Mar: uma nova maneira de remar

O remo de mar é um desporto relativamente recente E com um rápido crescimento que se espalhou rapidamente por todo o mundo, podendo ter a sua estreia nos próximos Jogos Olímpicos de Paris em 2024.

O remo costeiro moderno teve seu início na década de 1970, com o desenvolvimento da Alden Ocean Shell. Inicialmente planeado para ser um projeto de casco mais estável e eficiente para remo recreativo, eventualmente os proprietários de Alden começaram a competir com seus cascos em pequenos eventos e até mesmo na Head of the Charles.

É por isso que o arquiteto naval Arthur E. Martin é conhecido como o pai do remo recreativo. Depois de muitos ajustes nos designs, em 1969 ele começou a produzir a Alden Ocean Shell, uma embarcação de remo individual em fibra de vidro digna do mar, com assento deslizante e remos com cerca de três metros. Durante vários anos os cascos foram produzidos pela Martin Marine Company (mais tarde renomeada Alden Rowing Shells) em Kittery Point, Maine.

As embarcações Alden Ocean preencheram a lacuna entre os Shell de corrida competitivos e os barcos de assento fixo em condições de navegar. Estes barcos exclusivos além de ter carrinho são cascos estreitos, mas estáveis, graciosas linhas alargadas que os colocam acima das ondas de mar aberto com falcas curvas que impedem a entrada da maior parte das ondas.

Martin afirmou então que a sua '' aula de 10 minutos de 75 centavos '' é tudo o que a maioria das pessoas precisa para se sentir confortável numa embarcação recreativa.

Na época, a Martin Marine era a única empresa de naval que se dedicava exclusivamente a fazer barcos recreativos com carrinho móvel. Neste momento até as grandes marcas de competição olímpica fabricam estas embarcações.

O que agora chamamos remo de mar surgiu em França no final dos anos oitenta a partir de uma ideia do navegador dos oceanos Gerard D’Aboville. Foi então desenvolvido por uma comissão técnica que incluiu o monegasco Jannot Antognelli e o Marselhês Denis Masseglia, membro da Federação Internacional de Remo (FISA) desde 1992.

A ideia original era substituir o Yole de mer de madeira, que são uns barcos um pouco mais estreitos típicos do remo em águas mais revoltas, por barcos capazes de suportar um mar agitado pelas ondas e pelo vento. Assim nasceu o novo Yole de mer, com um, dois e quatro remadores e um timoneiro, que começou a surgir na costa sul da França e logo depois na costa atlântica, mediterrânica e nas colônias francesas ultramarinas.

Esta versão extrema do remo, que privilegia mais a relação entre os praticantes e a natureza, pratica-se no mar, praias ou em grandes lagos caracterizados pelo vento e pelo movimento das ondas. É muito diferente do remo tradicional, onde a água é parada e os cursos são protegidos. Praticar Remo de Mar significa remar em águas agitadas e em condições muitas vezes difíceis. Portanto, é essencial ter um bom conhecimento da técnica do remo  para poder enfrentar o trajeto da corrida.

São Usados cascos mais largos com uma popa desnivelada para permitir que a água flua para fora do barco. Geralmente ocorre em águas abertas e não se esquiva das ondas e do vento. É a versão extrema do remo e perfeita para os aventureiros que gostam da emoção das condições desconhecidas, do remo e das belas paisagens costeiras. É uma das comunidades de remadores com um crescimento mais rápido e é particularmente acessível a remadores baseados em locais onde a água plana não está próxima. O remo costeiro é mais fácil de aprender do que o remo em águas planas, devido em parte à estabilidade e robustez dos barcos, que difere muito dos barcos de estilo olímpico. Para se tornar um bom remador costeiro, as tripulações devem estar atentas às marés e correntes, conhecer a topografia do percurso e saber o que fazer num meio com tráfego marítimo e em caso de mau tempo.

O remo costeiro pode ser encontrado em todos os cantos do mundo, incluindo as Maldivas, muitas partes da África, as costas da América do Norte e do Sul e, mais tradicionalmente, na Europa. Barcos a remo costeiros também são usados no interior em alguns lagos e rios onde a água tende a não ser muito plana.

Realiza-se um campeonato mundial costeiro desde 2007 e há uma proposta em consideração para adicionar um evento costeiro de exibição nas próximas Olimpíadas.

Na competição Mundial de Remo, ocorrem dois formatos de competição de remo costeiro:

A competição de resistência que neste formato vê as equipes remando em regatas de 4 a 6 quilômetros em torno de vários pontos de viragem marcada por boias. É um desafio de resistência, habilidade, navegação e adaptabilidade às condições variáveis de uma distância maior, o percurso é localizado em mar aberto e com a largada / chegada na água ou na praia.

No World Rowing Beach Sprint Finals, o formato na praia: Beach Sprint é um estilo de corrida de eliminação frente a frente, com um sprint curto ao longo da praia, uma prova de 250m com uma curva de 180 graus numa boia antes de remar de volta à praia e correr até a linha de chegada. As competições são estruturadas de tal forma que os atletas que progridem mais são obrigados a competir várias vezes dentro de um curto período de tempo. Esta disciplina de remo testa no atleta o seu poder e força, bem como habilidades de navegação costeira e o desempenho sob fadiga.

Existem atualmente sete classes de barcos para homens e mulheres: single scull, double sculls, quádri scull com timoneiro e um double scull misto.

Começou com a FICSF (Federação Italiana de Remo de Assento Fixo) a organizar a primeira regata internacional em Itália, em Noli, no oeste da Ligúria, depois, em 2006, aconteceu o primeiro Campeonato Italiano de Remo Costeiro, organizado por Canottieri Sanremo, combinado com uma regata internacional aberta a todos as tripulações estrangeiras. O evento também se repetiu em 2007 e foi considerado como o I Campeonato Mundial - FISA Coastal Rowing World Championship.

Depois, em 2008 a FISA World Rowing Coastal Rowing Championship disputou-se em Sanremo com 485 atletas, 171 equipes e 110 empresas representando 16 nações (Croácia, Chipre, Dinamarca, França, Alemanha, Grã-Bretanha, Hungria, Irlanda, Itália, Mônaco, Novo Zelândia, Polônia, Espanha, Suécia, Suíça e Estados Unidos).

Desde aí esta modalidade tem vindo a ganhar cada vez mais adeptos e tivemos em Portugal o Campeonato do Mundo que se desenrolou em Oeiras.



terça-feira, 21 de novembro de 2023

 Artigo para a Revista MonteMayor;


 

“Tendo desde o princípio estado ao serviço

dos homens para facilitar os contactos, a água

teve em todo o tempo um papel considerável no desenvolvimento da civilização. Pode-se

mesmo dizer que a história foi colocada em

marcha a golpes de remo.”

Pierre Carnac

 

 

O Remo é utilizado como meio de transporte pelo Homem desde tempos imemoriais. Certamente na Pré história os rios e os lagos eram obstáculos difíceis de serem ultrapassados, árvores arrancadas ou troncos flutuantes foram com certeza as primeiras etapas da navegação efectuada pelo Homem.

Dada a precária estabilidade de um tronco os humanos depressa perceberam que juntando vários conseguiriam uma melhor navegação e protecção contra as ondas gerando a partir daí embarcações espetaculares e imprevisíveis.

 

Montemor, perto da Foz do Mondego deu a Portugal o maior aventureiro e explorador português – Fernão Mendes Pinto - que certamente terá remado nas suas viagens. Diogo de Azambuja -  Navegador, chegou a Capitão-Mor da Armada portuguesa encarregada de construir a Fortaleza de S. Jorge da Mina era também natural da vila. Foi também a terra portuguesa escolhida para possuir a primeira e única pista de Remo alguma vez construída no nosso País.

 

 

 

A História do Remo está povoada de civilizações que se aventuraram no desconhecido com “pequenas cascas de noz”. Os primeiros navios egípcios há mais de três milénios denominavam-se galeras, movidas por cerca de 20 remadores, podiam ser equipados também com velas e a direcção era conseguida através da utilização de um remo maior – Leme de Esparrela -. Os Fenícios, também há cerca de 3000 anos, eram grandes marinheiros e comerciantes e navegavam pela costa do Mediterrâneo com os seus barcos mercantes. Os Vikings pilhavam no Mar do Norte com os seus imponentes barcos de guerra movidos a Remos e à Vela – os Drakkar -. Fomos contudo nós, os portugueses, que revolucionámos o transporte marítimo através dos nossos Descobrimentos e da utilização da Caravela. A evolução da Navegação efectuada constituiu uma das pricipais causas do desenvolvimento da ciência e da técnica que ainda hoje não terminou.

Os navios de guerra da região do Mediterrâneo usavam a vela para trajectos mais longos e combatiam em águas costeiras impelidos por remadores. Guerreavam através da utilização de um Esporão colocado na proa para afundar as embarcações inimigas, por abalroamento ou transportavam soldados para conquistar o navio inimigo por abordagem. Alguns navios romanos utilizavam até catapultas a bordo. No Oriente, o Junco Chinês é desenvolvido como um navio de estrutura resistente, apesar de não ter quilha, no entanto há conhecimento que Juncos chineses navegaram pelos oceanos Índico e Pacífico.

 

Estes dois meios de propulsão (a força humana e a vela) coexistiram por muito tempo, mas o aperfeiçoamento dos Veleiros  eliminou gradualmente o transporte em embarcações a Remo. A vela tem a desvantagem de não poder ser usada com tempo calmo assim como os barcos a remo não podem ser utilizados em mares revoltos.

 

 

 

O Trireme era o barco mais veloz da antiguidade, mais estreito que os demais usava os remos na sua deslocação e na Batalha de Salamis em 480 AC, os Gregos com cerca de 380 embarcações venceram a armada Persa com perto de 600 barcos. Metade dos barcos Gregos eram triremes.

 

 

O transporte aquático, incluindo embarcações a remos e à vela, foi a única forma eficiente de transporte de grandes quantidades ou para grandes distâncias até à Revolução Industrial. A importância da água levou a que a maioria das cidades que se destacavam através do comércio se  desenvolvessem junto dos rios ou do mar. Até à Revolução Industrial, o transporte era demorado e dispendioso, a produção e o consumo mantinham-se o mais próximo possível. No século XIX, o advento das grandes invenções modificaram radicalmente o transporte, após a existência do telégrafo a comunicação tornou-se práticamente  instantânea e independente do transporte.

A utilização da máquina a vapor  nos transportes ferroviário e marítimo, tornou-o independente da força humana, do vento ou da tracção animal. Velocidade e capacidade cresceram rápidamente, permitindo a especialização e a produção passou a poder ser realizada independente da localização e dos recursos naturais.

Com o desenvolvimento do motor a combustão e consequentemente do automóvel o transporte rodoviário tornou-se mais viável. Posteriormente já no século XX, com a chegada do avião, e após a Primeira Grande Guerra, este tornar-se -ia a forma mais rápida de levar pessoas e mercadorias a longas distâncias.

Logo a seguir à Segunda Guerra Mundial, o automóvel e o avião ganharam avanço no transporte, limitando o transporte ferroviário e marítimo ao transporte de carga e de curta distância para passageiros.

O Remo, como desporto tradicional dos ingleses, surge no século XVII, durante a época Vitoriana, mas fica muito popular a partir do século XIX. Em 1892, foi criada a organização internacional do Remo, chamada Fedération Internacionale des Sociétés D’Aviron (FISA), que é a entidade que actualmente regula o Desporto do Remo. Esta competição é a modalidade mais antiga de todos os desportos da modernidade.

A tradição de mais de quatro mil anos não envelhece o desporto do Remo que continua a gerar grande rivalidade e paixão entre os seus praticantes.

 

 

 

"Um remo só não leva o barco ao mar."


terça-feira, 11 de abril de 2023

 A Participação Internacional de Portugal em Remo em Campeonatos Europa, do Mundo e Jogos Olímpicosdesde 1923 até 1992, contando até 2003 perfaz já um Século, até isso não estamos a comemorar:

PARTICIPAÇÕES INTERNACIONAIS  PORTUGAL 1923 – 1992

ANO

PROVA

BARCO

CLASS

CLUBES

1923

CAMP EUROPA

2+

SCP

1926

CAMP EUROPA

4+

4-

CNL

1947

CAMP EUROPA

8+

4+

1X

REPESC

REPESC

CG

SCC

CNL

1948

JOGOS OLIMPIC

8+

4+

MEI FINAL

QUART FIN

CG

SCC

1950

CAMP EUROPA

8+

CG

1951

CAMP EUROPA

8+

1X

MEI FINAL

REPESC

CG

SCC

1952

JOGOS OLIMPIC

8+

REPESC

CG

1960

JOGOS OLIMPIC

4+

REPESC

SCC

1962

CAMP MUNDO

4+

REPESC

SCC

1972

JOGOS OLIMPIC

2X

1X

REPESC

REPESC

CUF

LAG

1981

CAMP MUNDO

1X PL

10º ( 4º FB)

 

1982

CAMP MUNDO

2-

1X

2X PL

REPESC

REPESC

12º

 

1986

CAMP MUNDO

2X PL

1X PL

12º

12º

 

1987

CAMP MUNDO

2X PL

1X PL

11º

8º (2º FB)

 

1988

CAMP MUNDO

2X PL

1X PL

1X FPL

10º

10º

 

1989

CAMP MUNDO

2X

1X PL

1X FPL

7º (1º FB)

11º

 

1990

CAMP MUNDO

2X

1X PL

2X FPL

REPESC

 

1991

CAMP MUNDO

2X

8+ PL

1X PL

2X FPL

13º

7º (1º FB)

 

 

 

 

 

 

 

Nos primeiros anos a participação era feita por equipas de clubes.