segunda-feira, 16 de setembro de 2019

As Sedes da Associação Naval de Lisboa

Sedes da Associação Naval de Lisboa:


A primeira “Carreira de Barcos”, era assim que se denominava a regata de remo e vela, foi organizada por Abel Power Dagge, Edward Shirley, Alex Hudson e G. A. Hangcock em1850. Na reunião de preparação da regata esteve presente o comandante da escuna britânica Vixen onde o júri da prova estaria instalado. A 19 de Agosto de 1852 realizou-se outra regata em Belém que teve a honra de ser divulgada no Jornal inglês The Illustrated London News do dia 11 de Setembro. São célebres, pelo menos a partir de 1853, as Regatas de Paço de Arcos, em barcos à vela e a remos, promovidas pelo Conde das Alcáçovas, Abel Power Dagge, Hermann Moser e por um grupo de aristocratas, por ocasião dos festejos anuais. No programa da Regata do Tejo de 11 de Setembro de 1854 constava a participação de duas guigas de 4 remos, tripuladas por “curiosos”. Nesta regata a prova de Vela foi ganha por Frederico Burnay vencendo uma Taça de Prata (O primeiro troféu conhecido de uma regata em Portugal). Na Regata organizada em 24 de Julho de 1855 havia provas de Remo e Vela. Esta regata veio dar lugar à Comissão Promotora da Real Associação Naval.
Na sequência destes eventos foi fundada em1855 a Real Associação Naval (actual Associação Naval de Lisboa), a mais antiga agremiação desportiva da Península Ibérica e uma das mais antigas do mundo. Sob a protecção de D. Pedro V a Real Associação Naval foi fundada numa reunião presidida pelo Infante D. Luís no Hotel Bragança e a primeira Assembleia-Geral realizou-se a 6 de Abril de 1856 no Arsenal de Marinha presidida por S. Alteza o Infante D. Luiz, Duque do Porto que presidiu a todas as sessões de Assembleia Geral até à sua ascensão ao trono por morte de seu irmão, passando nessa data a Comodoro, cargo que exerceu até ao seu falecimento, substituindo-o depois El Rei D. Carlos.
Neste largo período de vida a ANL tem trabalhado a favor do desporto náutico sendo inúmeras as Regatas e diversões náuticas promovidas.
Após a fundação do seu rival de Lisboa manteve-se um pouco afastada da prática desportiva continuando, no entanto, sempre a organizar grandes certames náuticos tais como o Centenário da Índia com as disputas da Taça Vasco da Gama em Vela e a célebre corrida de Guigas de 6 remos em 1898.
Em 1902 devido à “ (…) enérgica iniciativa do secretário do conselho executivo, o Sr. Virgílio Costa, é reorganizada a secção de remos, reaparecendo sobre as águas do Tejo as suas guigas que por muitos anos se conservaram guardadas (…) ” in Ilustração Portugueza 29 maio 1905.
Foi por altura de 1863 que se começou a falar sobre a necessidade de construção de uma Sede em Lisboa ou Paço de Arcos (“apenas quando houvesse um fundo de caixa de pelo menos 10 contos de reis”), até aí as reuniões e AG iam tendo lugar no Arsenal de Marinha ou em casa dos seus mais ilustres sócios.
Em 1878 por altura da proeza do Conde de Silvã, seu sócio, que fez a viagem entre os Açores e Lisboa a sua sede era na Rocha Conde D´Óbidos tendo já estado num andar arrendado na Rua de Santa Catarina passando então depois para o actual edifício da Cruz Vermelha.
Seguidamente para obter mais espaço, devido à crescente prática da Ginástica na Associação, os directores mudaram a sua sede para um r/c e primeiro andar do nº 45 da Rua do Alecrim. A mudança custou 2000$000 réis e como não havia dinheiro emitiram-se Acções e Obrigações para custear a mudança.
Por falta de mais dados sabemos que em 1899 a sede da Associação era no topo oeste da Doca de Alcântara, edifício esse que ardeu e com ele muita da história do nosso clube.
Em 1902 a Associação não possuía nem sede nem Posto Náutico, por esse facto a prática do Remo e Vela era nula, devemos então a Virgílio Costa a reorganização do clube com a instalação da Sede e Posto Náutico, em Pedrouços, nos anos seguintes (Na altura a Liga Naval propôs a fusão entre o CNL e ANL havendo inclusive várias reuniões).
No ano de 1905 a Associação muda-se novamente para a Doca de Alcântara até que, em 1910, foi alugada a S/L da Rua Ivens nº 72 pertencente ao Clube Tauromáquico e a Liga Naval também nos cedeu algumas salas nas suas instalações, que “luxo havia duas sedes”.
Por altura de 1914 “ (…) continuou a luta do Conselho Executivo pela sede, e levou a sua perseverança a fazer um requerimento para obter terreno no Cais do Sodré, e abriu uma subscrição (…) ” mas até tínhamos uma sede na Rua Nova do Almada 81 mas porque era considerada pequena fizemos então a mudança para o Palácio Palmela, no Calhariz. Neste mesmo ano o nosso Posto Náutico estava instalado na Sede do Clube Naval de Lisboa, no Cais da Viscondessa, por manifesta bondade do Clube.
Em 1915 alugou-se um armazém na Cruz Quebrada para albergar as escolas da Associação e no ano seguinte já possuíamos um Posto Náutico em Pedrouços junto à Torre de Belém.
No princípio dos anos 20 para a Vela tínhamos a Chalupa Albatroz e o Posto Náutico de Alcântara, o Remo tinha o seu sonhado Posto Náutico no Cais do Gás, sede da ANL. Contudo em 1923 por falta de verbas para manutenção fomos forçados a vender a Albatroz e em 1927 vendemos as instalações do Cais do Sodré ao Porto de Lisboa por 37$500 escudos, restava apenas o Posto Náutico de Alcântara.
Em 1931 construímos o nosso actual Posto de Remo da Doca de Santo Amaro, sede do clube e um Pavilhão de Regatas na praia de Pedrouços.
Nesse mesmo ano nos Postos Náuticos efectivou-se a construção de quatro Stars para os sócios Armando Gama, Francisco Ribeiro Ferreira, Ernesto de Mendonça e Joaquim Fiúza, uns remos com madeira spruce vinda de França e, também, o sócio José Duarte deslocou-se a este País para trazer os planos de construção do YOLLE.
Em 1934 por iniciativa do remador Eliseu de Carvalho, Tesoureiro da ANL, a secção de Vela torna-se autónoma financeira e administrativamente, com a aprovação dos novos Estatutos. Foi nesta data então que o clube praticamente se dividiu em dois.
Em 1935 mais uma calamidade: ardeu o Posto Náutico da Doca de Alcântara.
O ano de 1937 marcou a vida da ANL com o protocolo assinado com a Mocidade Portuguesa para o ensino e prática do Remo e da Vela dos jovens daquela associação estatal.
1938 Foi um ano de melhoramento dos postos náuticos de Pedrouços e Santo Amaro onde estava situada a nossa Sede Social. No entanto em 1939 o de Pedrouços teve que ser parcialmente demolido para dar lugar à construção da Marginal Lisboa-Cascais e em 1940 um Ciclone que assolou a região de Lisboa destruiu as instalações que havia na praia de Pedrouços.
Com a ida da Vela para os edifícios que não foram demolidos da Exposição do Mundo Português a nossa Sede Social passou a ser em Belém até à presente data.
Queremos ainda salientar o abandono de um Posto Náutico que havia na Trafaria em 1951 e em 1955 a construção do 2º andar na Sede em Belém.
 A Secção de Remo foi sofrendo obras de melhoramento ao longo dos anos tais como a renovação do telhado, no princípio dos anos 90, a colocação dos portões actuais e a divisão entre o Hangar e a Zona Social em 1996.
Existe já um projecto para acrescentar mais uma nave ao edifício imprescindível ao desejado crescimento da Secção de Remo.   







  

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